31 dezembro 2010

Ameaça de ano velho para ano novo

Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, considera falacioso o argumento utilizado pelo treinador do Benfica, Jorge Jesus, para justificar a diferença pontual que separa os encarnados do FC Porto.
(resposta lógica do chefe da quadrilha, ou não é este o responsável pelos inclinadores de relvados?)


Para Jesus, os «critérios de arbitragem» têm prejudicado o Benfica e favorecido outras equipas.
(acrescento que mais umas que outras...)

Instado a responder às declarações do timoneiro das águias, Vítor Pereira esclarece que não reage «publicamente a comentários de treinadores». No entanto, defende, «só é enganado quem quer». (e só engana quem pode...)

Em declarações à TSF, o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga argumenta que «há evidências que demonstram que esse tipo de comentários é desfavorável para quem os produz».

A Bola


Ora, esta última resposta, além de ridícula como as outras (e como o autor das mesmas), traz encapotada uma ameaça. Avizinham-se tempos (ainda) mais difíceis ao nível da arbitragem nos jogos do Glorioso...

É assim, enquanto há uns, como os calimeros ali do lado, que quanto mais choram mais mamam, nós se chorarmos ainda levamos por cima... E não há meio de estes invertebrados se porem a andar...

23 dezembro 2010

Ano sabático

Quarta-feira, Dezembro 22, 2010

Ano sabático - João Querido Manha

O ano está quase pronto a dar entrada nos arquivos como o do regresso do Benfica à linha do sucesso, com toda a pompa, mas são legítimas as dúvidas sobre a circunstância e inúmeros os que observam o trajeto da equipa de Jorge Jesus como um fenómeno conjuntural, bastante facilitado pela fragilidade psicológica dos protagonistas envolvidos nos julgamentos, judiciais, desportivos e populares, do processo conhecido pelo absurdo nome de "Apito Dourado".

O penálti que abriu caminho ao triunfo da União de Leiria na Figueira da Foz é um daqueles lances emblemáticos, a levantar a ponta do véu. As equipas de Bartolomeu e Pinto da Costa somam 12 penáltis em 14 jornadas, ou seja, um terço (33%) do total da 1.ª Liga. Um "must"!

Assistimos a um regresso às origens, com o grupo dos figurões a voltar pelos "bons" motivos à primeira linha das notícias, faltando apenas no ramalhete o abandonado "compagnon de route" do Boavista. Os sinais de impunidade que os arquivamentos sucessivos foram passando, ao mesmo tempo que a Liga se reposicionava internamente, elegendo para líder uma figura "acima de toda a suspeita", foram chancelados em particular pelo Benfica, inebriado pelos vapores do sucesso, sem dar conta de quão efémero ele era.

Dentro das quatro linhas, viveu-se o paralelismo simbólico dessa grande operação de retoma, com a reorganização desportiva do FC Porto, em contraste com o relaxamento e descuido dos recentes campeões. A entrada firme na nova época foi fundamental e remeteu para um procedimento clássico e comum na maioria dos títulos dos últimos 30 anos, assegurados normalmente nas primeiras dez jornadas com intervenções cirúrgicas nos próprios jogos e nos dos adversários.

Afinal 2010 não será o ano da águia e pode vir a ser visto mais tarde como um insignificante incidente do longo percurso dessa força descomunal que o líder natural descrevia ontem de modo muito honesto: "depois, a jornada acaba sempre com uma vitória nossa".

A estabilidade de todo este processo, incluindo os intervalos para recarga de energias após o esgotamento dos treinadores que não conseguem sobreviver a mais de dois anos de sucesso, é garantida pela fragilidade psicológica e operacional dos adversários, com o Sporting, enfeitiçado primeiro e desvitalizado depois por uma associação perversa com um adversário que lhe era inferior, e com o Benfica, sempre inebriado com a grandeza e as glórias do passado.

Os últimos três meses foram horríveis para o Benfica, descendo das nuvens em círculos estonteantes, como uma águia Vitória a baixar do 3.º Anel, voo sobre voo, até à aterragem final. Todos os altos voos caíram por terra: a regeneração desportiva, o controlo da vontade dos adeptos, a Liga dos Campeões, a liderança dos clubes "bons", a luta absurda com a tutela governamental e, provavelmente, a revolução da discussão dos direitos televisivos. Depois de um quadro favorável que lhe permitia sentar-se no lugar do condutor, o Benfica constata em poucos meses que não consegue catalisar vontades e que eventuais apoios externos vacilam perante a notória retomada dos poderes instituídos. 2010 não terá então passado de um período sabático do líder natural.



P.S.- Parece que este ainda não "jantou"...

02 dezembro 2010

15 segundos - por João Gobern

Para se ser agreste em televisão, sem ficar mal no “boneco”, é preciso experiência, talento, sentido de oportunidade e elegância. Recordo, por exemplar, uma “entrevista” de Joaquim Letria a uma cadeira vazia – aquela em que deveria estar sentado um ministro que, depois de confirmar a presença, “desapareceu” para parte incerta. Lembro, por categórico, o momento em que um líder (já extinto) da Direita portuguesa insinuou perante José Alberto Carvalho que este se limitava a reproduzir perguntas “sopradas” da régie. O jornalista retirou o auricular do ouvido e, daí em diante, deixou o seu interlocutor suar (literalmente) as estopinhas.

No domingo, após o jogo entre Beira-Mar e o Benfica, um “repórter” da TVI – cujo nome propositadamente já esqueci – apresentou a sua candidatura aos famigerados 15 minutos de fama referidos por Andy Warhol. Fê-lo de forma atabalhoada: na “flash interview” com Jorge Jesus, saltou das ocorrências da partida para um alegado “ambiente de balneário” e para um “momento de contestação” ao técnico. Jesus ainda respondeu à primeira. À segunda, soltou o já famoso “então tchau”. Ora tivesse a coisa ficado por aí e passava. Nada disso: balanceado nos seus 15… segundos, o “repórter” decidiu lançar um ataque à Benfica TV (e à opção de o clube antecipar no canal os jogos da Liga) e acabar a proclamar que “ali” é ele quem decide as perguntas. Acontece que não é – e a ignorância da lei não aproveita ao prevaricador. Segundo os regulamentos das “flash interviews” – inventadas para “cobrir” mais uma janela publicitária e para colecionar um “sound byte”, de quando em vez –, as perguntas devem cingir-se ao recém-terminado jogo. Não foi o caso. E não vale a pena a TVI ou algum dos seus responsáveis invocar a defesa superior do jornalismo; quando se tornou compradora das transmissões sabia o que dizia o regulamento. Tal como sabe Sousa Martins que, na noite seguinte, no programa “Prolongamento”, tentou argumentar que ninguém o cumpria. Mau serviço, rapazes. Acredito que seja um caso de ignorância, mais do que de má vontade. Mas foi para situações como estas que se criaram os pedidos de desculpas.

Pior, muito pior, foi o comunicado publicado em nome do FC Porto. O problema não lhe dizia, de todo em todo, respeito. Só uma obsessão guerrilheira justifica o “parecer”, por acaso subscrito por quem também é campeão no “blackout”. Tenho, de resto, a ideia de um diretor de comunicação a insultar e ameaçar um antigo colega da RTP por causa de uma questão mais incómoda – deve ser engano meu… A alusão aos “filmes de gangsters”, vinda de quem vem, evoca diretamente outro género cinematográfico: a comédia. Se tivesse graça, não seria um drama.

in Record