15 março 2010

Lição nº 2 - Ulrich Haberland

Foi há 16 anos, eu contava ainda 9 de idade, mas sabia que naquele dia jogava o Benfica. Ao contrário do que era habitual, não tinha o meu mentor habitual para ver o jogo comigo, impedido devido a compromissos futebolísticos... Mas eu sabia a que horas começava o jogo, que dava na 2, e ninguém me obrigou a jantar, enquanto eu contava os minutos para o início.

A primeira parte foi dividida, com ocasiões para ambos os lados e o intervalo chegou com o Benfica a perder por um. Eu já exasperava com os falhanços do ataque do Benfica e a azelhice do Neno. Na segunda parte, a toada mantinha-se mas o segundo golo dos alemães, aos 57', parecia decidir a eliminatória.

Mas os grandes fazem os grandes feitos nos momentos em que tudo parece estar perdido. E então, com aquela força que só os predestinados têm, então... fez-se história! E a meia hora que se seguiu foi uma das belas páginas já "escritas" pelas papoilas saltitantes... e esta chama imensa acendeu-se definitivamente dentro de mim para nunca mais se apagar...

Ainda os alemães estavam a festejar o segundo, e canto para nós. Marcado curto, a bola chega a Rui Costa, "chuta, de calcanhar para trás?, estás tolo?", pensava eu, bomba de Abel Xavier e golo! O Benfica estava de novo na discussão da eliminatória e tínhamos que marcar outro para ter vantagem no golo fora. E não demorou muito. A bola vai ao centro, o Benfica rapidamente a recupera e ganha canto. Canto marcado e João Pinto, quase parecia um Anjo, a voar na antecipação ao guarda-redes contrário. O Benfica estava na frente e eu, tal como aqueles milhares de benfiquistas que apoiavam o Benfica naquele estádio de nome esquisito, naquela terra distante, já estava louco de alegria. Mas ainda faltava muito para o final e os alemães eram perigosos...

O B. Leverkusen faz alterações e entra o perigosíssimo Paulo Sérgio. O Benfica começava a recuar e até eu sabia, com aquela idade, que aquela estratégia era perigosa, devido às debilidades defensivas do Benfica e ao forte ataque alemão. No entanto, quem tem Rui Costa tem alguém capaz de fazer um passe como aquele ao minuto 77, num contra-ataque, a isolar Kulkov, que colocava o Benfica a vencer! O Benfica recuperava de uma desvantagem de dois, tal como Toni disse, passamos do inferno ao paraíso.

Só que demoraram apenas 4' para voltarmos ao inferno, com mais dois golos de cabeça por parte dos alemães. Tudo parecia estar perdido. Não era possível, tanto sofrimento, que injustiça! Mas eu acreditava. Era o Benfica e o Benfica de tudo era capaz. Só precisávamos de um golo e eu acreditava. E aqueles benfiquistas naquelas bancadas acreditavam. E os jogadores acreditaram. E o João Pinto, numa jogada de génio, deu o golo a marcar ao Kulkov. Kulkov marcou e nunca um empate teve um sabor tão especial. Sabia a vitória. Sabia a Benfica!

Acabámos por ser injustamente eliminados pelo Parma, mas aquela noite, no Ulrich Haberland, ficou marcada para mim e, tenho a certeza, para muitos, como uma das mais belas epopeias europeias do Benfica. Desse dia até hoje, só igualada pela vitória em Anfield, contra o campeão europeu. Esta semana temos mais um encontro com a história. Cabe aos que entrarem em campo e a todos os que estiverem do lado de fora, lutar para inscrever o nome do Benfica no lado dos vencedores. Eu acredito! É o Benfica que vai jogar? Então é para vencer! Vencer, vencer,vencer!!!


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